quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Desbravando cervejas: Hoegaarden (Bélgica)


Como de praxe, incansável no descobrimento de novas terras, retornamos à pista com esta aqui, e sem remorsos, digo que de todas as que eu tomei, e de todas as desbravadas, é a melhor, disparada. A deusa loira de quem vos falo se chama Hoegaarden, uma verdadeira obra-prima da cerveja mundial. Um verdadeiro diamante valioso, e pra variar, mais uma bebida rica em tradição... Tradição. Algo muito em falta neste mundinho moderno de hoje, infestado de políticos corruptos, boleiros-pagodeiros, tilangas e homens-fêmea, que "sentam de costas" em poltronas de estádio.


Os registros históricos nos levam de volta à Idade Média, na Bélgica. A receita desta cerveja foi descoberta por volta de 1445. Esta região da Bélgica que leva o nome da cerveja; Hoegaarden, na região de Flanders, fazia parte da Holanda. Logo, as cervejeiras belgas tinham acesso às ervas exóticas e aos temperos importados das colônias holandesas. A história também nos diz que as cervejas de trigo tinham, primeiramente, um azedo intenso, e isto em parte é o que pode ter levado às cervejeiras daquela região, a uma combinação criativa, que misturava coentro e cascas de laranja, dando origem a todo o processo de desenvolvimento das "wheat beers": Cervejas de trigo.

Durante centenas de anos, a indústria cervejeira na vila de Hoegaarden cresceu e, no século XVIII (18), havia cerca de 36 fábricas de cerveja e 110 casas de malte, que produziam um total de 25.000 hectolitros por ano. Essa produção massiça trouxe grande riqueza pra região de Hoegaarden. Já no século XX (20), mais precisamente em idos de 1950, a economia do pós-guerra mundial tomou a situação de assalto, e provocou o fechamento da última fábrica da cerveja de trigo em 1957. Alguns anos depois, em 1965, Pierre Celis, um leiteiro da aldeia de Hoegaarden reviveu a famosa cerveja para o deleite dos moradores. Ele logo se tornou um enorme sucesso, e nomeou sua primeira cervejaria "De Kluis" em reconhecimento aos monges que ajudaram os moradores a criar a tradição cervejeira da grande Hoegaarden.


Em 1985 Celis estava cumprindo até 75.000 hectolitros por ano, quando um desastre aconteceu. Um incêndio destruiu a fábrica de cerveja os bancos não estavam dispostos a financiar a sua reconstrução. Finalmente, os fabricantes de uma outra cerveja Belga, chamada Stella Artois, se ofereceram para ajudar Pierre Celis, em troca de uma participação no negócio. A relação de negócio levou à bela reconstrução da cervejaria Hoegaarden, dando continuidade à produção da cerveja de trigo. Desde 1990, a companhia InBev tem trabalhado para assegurar que a Hoegaarden seja exportada sem limites, e para qu ela seja disponível em toda a Europa, América do Norte, Austrália, Cingapura e China, pra citar alguns dos continentes.

Atualmente, a Hoegaarden recebe prêmios e elogios de todo o mundo, e não é por menos. A Hoegaarden é uma cerveja riquíssima em sabor, altamente concentrada e exótica. Possui um aroma único, altamente diferenciado, que a caracteriza como tradiconal, em virtude da utilização das ervas e cascas de laranja holandesas, algo que é muito presente nesta pedrada. O teor alcóolico é o tradicional, de 4,9%, e a coloração é leve. É um amarelo claro, opaco. A opacidade da Hoegaarden é alta, e isso condiz com toda a sua concentração de sabor. É sem dúvidas uma das cerejas do topo do bolo das bebidas mundiais, uma tradição em vida, um presente dado pelos belgas da Idade Média, à todos os verdadeiros vândalos bêbados!! É a real "Hooligaarden"! E o desbravamento continua, pois o álcool nunca vai faltar...